sexta-feira, 22 de junho de 2012

Na contramão da lei de acesso à informação (LAI)

Estive hoje na Superintendência Regional da SPU (Secretaria do Patrimônio da União) em Recife. Fui solicitar uma certidão negativa de propriedade da União. Ou seja, um documento que certifica que um determinado terreno não integra o patrimônio da União, mas não diz a quem pertence.

"Declaro que este terreno não é meu."

Uma informação poderia ser mais pública? Ainda mais sendo um órgão federal prestando tal informação.

Pois bem, fui pedir, mas não consegui. Além de levar as plantas solicitadas – planta de situação e outra que nem lembro o nome – e a certidão emitida pelo Cartório de Registro de Imóveis, que foram os documento exigidos da última vez que fui solicitar a certidão, pediram mais um: agora é preciso levar também o contrato de compra e venda pra provar que sou o comprador e os meus documentos de identificação pessoal.

Sobre às plantas, vale dizer que a própria SPU tem uma mapoteca, mas ao pobre cidadão cabe trazer uma cópia dessas plantas que devem ser solicitadas à prefeitura. Quanto à certidão do Cartório de Registro de Imóveis, o que interessa a situação do imóvel nos registros cartoriais? A informação solicitada é tão somente se o terreno é ou não da União, ou especificamente, da Marinha.

Dificultando ainda mais a vida do comprador ou vendedor de qualquer imóvel, a SPU agora exige o contrato para fornecer uma informação que é, ou deveria ser, pública e a todos acessível. Em resumo, se você for comprar um imóvel, a União só vai lhe dizer se o terreno é próprio ou de Marinha depois que o contrato já estiver assinado.

E se o terreno for de Marinha?
Será preciso pagar uma taxinha de 5% do valor do contrato ou da avaliação feita pela prefeitura, o que for maior, e caso seja no regime de ocupação, amigo, sinto muito, você não poderá financiar seu imóvel pela Caixa Econômica Federal. Mas agora é tarde, o contrato já foi assinado...

Ironicamente, isto tudo aconteceu pouco mais de 1 mês após a Lei de Acesso à Informação entrar em vigor. Será que vai ter jeito?

domingo, 26 de setembro de 2010

O FIM



Como todo mundo notou, ninguém nunca mais escreveu no nosso blog.
Já que de fato ele está morto, deixo esta postagem só para marcar formalmente o seu fim, como uma espécie de atestado de óbito.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aeroportos

No último mês e meio eu viajei muito de avião, passando por aeroportos de três continentes. E também perdi muito tempo nos aeroportos.

Desde o fatídico 11 de setembro de 2001, que viajar de avião ficou cada vez mais complicado. São revistas mais rigorosas e nada padronizadas, além de claramente serem de resultados duvidosos.

Um exemplo: numa ida a Montreal, a sobrinha (Roberta) de minha esposa levou um perfume de mais de 100 ml em sua bagagem de mão. Puro esquecimento. No trecho Brasília (BSB) - São Paulo (GRU), nenhum problema, afinal de contas era um voo nacional, em que não há maiores restrições a líquidos nos aviões.

No trecho GRU - Miami (MIA), a operadora de raio-X teve pena do perfume dela e disse para ela colocá-lo mais no fundo da bolsa, o que dificultaria a visualização. Em MIA ela pretendia transferir o perfume para a bagagem despachada, mas, ao contrário do que nos fora informado no check-in, nossa bagagem iria diretamente para Montreal (YUL).

Pois bem, a revista americana, que exige que se tire sapato, passou batida e não viu o perfume de Roberta, e ele chegou são e salvo a YUL.

Outro problema sério, esse mais localizado no Brasil é a falta de infra-estrutura nos portões de embarque. Com a necessidade de passar a bagagem de mão no raio-X, é preciso dirigir-se ao portão de embarque mais cedo, principalmente em voo internacional, que ainda tem o controle de fronteira. Então, do ponto de vista do tempo, é muito mais seguro comer já depois dessas medidas de segurança.

Só que aqui no Brasil, quase não há nada na área do portão de embarque. O caso mais ridículo é o do Galeão (GIG), que tem apenas um livraria pouco maior que um quiosque e um quiosque que vende refrigerantes. Isso na área de embarque internacional. Uma vergonha para o aeroporto do que deveria ser a principal porta de entrada no Brasil.

GRU é apenas um pouco melhor, mas pelo menos tem uma cervejaria na área de embarque. Por outro lado, considerando a área antes e depois do portão de embarque, GRU é ridículo pelas poucas e caríssimas opções que oferta. No GIG, fora da área de embarque até que tem uma praça de alimentação até legal.

E o Aeroporto dos Guararapes, em Recife? Apesar de estar muito distante dos melhores aeroportos do mundo, para mim, sem bairrismos, é o melhor do Brasil, considerando-se a quantidade de passageiros, voos e opções gastronômicas e de lazer. Ainda que também tenha o problema de se quase tudo concentrado na área aquém ao portão de embarque.

Será que arquiteto brasileiro que projeta aeroporto nunca andou de avião?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Triscaidecafobia é um medo irracional e incomum do número 13. O medo específico da sexta-feira 13 (fobia) é chamado de Paraskavedekatriaphobia ou parascavedecatriafobia, ou ainda frigatriscaidecafobia.


Todo mundo já deve ter ouvido falar que sexta-feira 13 é sinônimo de que alguma coisa vai dar errado, ainda mais no mês de agosto (considerado por muitos como mês das bruxas). Isso tudo acompanhado dos filmes do Jason, o mascarado imortal de antigamente (o cara era um ser humano, mas nunca morria, pois sempre tinha outro filme, tipo ‘o retorno’), gosto nem de pensar.

Eu, particularmente, não duvido dessas lendas, tanto que nunca passo embaixo de escadas, fujo de gato preto e sempre gostei de ter comigo uma figa, um trevo de quatro folhas ou um pé de coelho (admito que este último foi abandonado desde que comecei a ter consciência de quantos bichinhos poderiam estar morrendo por conta da minha superstição!).

Também não gosto de marcar nenhum compromisso muito importante nestes dias, prefiro ficar na minha. De preferência em casa!! Mas, de onde vem essa teoria da má sorte na sexta-feira 13?

Na numerologia o número 12 é considerado algo completo, como por exemplo: 12 meses no ano, 12 tribos de Israel, 12 apóstolos de Jesus ou 12 signos do zodíaco. Já o 13 é considerado um número irregular, sinal de infortúnio.

A crença de que o dia 13, quando cai em uma sexta-feira, é dia de azar, é a mais popular superstição entre os cristãos. Há muitas explicações para isso. A mais forte delas, segundo o Guia dos Curiosos, seria o fato de Jesus Cristo ter sido crucificado em uma sexta-feira e, na sua última ceia, haver 13 pessoas à mesa: ele e os 12 apóstolos.

Mais antigo que isso, no entanto, são as duas versões que provêm de duas lendas da mitologia nórdica. Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa. Já notou que os conjuntos de mesa são constituidos, geralmente, por 12 copos, 12 talheres e 12 pratos? Deve haver um por que, não é?!

Segundo outra lenda, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem à palavra friadagr = sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio. Os 13 ficavam rogando pragas aos humanos.
Portanto,somando o dia da semana de azar (sexta) com o número de azar (13) tem-se o mais azarado dos dias.

A crença na má sorte do número 13, porém, é tão arbitrariamente entendido que o mesmo algarismo, em vastas regiões do planeta - até em países cristãos - é estimado como símbolo de boa sorte. O argumento dos otimistas se baseia no fato de que o 13 é um número afim ao 4 (1 + 3 = 4), sendo este símbolo de próspera sorte. Assim, na Índia, o 13 é um número religioso muito apreciado; os pagodes hindus apresentam normalmente 13 estátuas de Buda. Na China, não raro os dísticos místicos dos templos são encabeçados pelo número 13. Também os mexicanos primitivos consideravam o número 13 como algo santo; adoravam, por exemplo, 13 cabras sagradas. Minha mãe, particularmente, adora o 13. E você, o que pensa sobre o assunto?!

domingo, 25 de julho de 2010

Os Infortúnios Ocultos

           

Uma leitura sempre válida que adoro, excepcionalmente útil à reflexão nesses tempos de drama das chuvas...


            Nas grandes calamidades, a caridade se agita, e veem-se generosos impulsos para reparar os desastres. Mas, ao lado desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam desapercebidos, de pessoas que jazem num miserável catre, sem se queixarem. São esses os infortúnios discretos e ocultos, que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que venham pedir assistência.

            Quem é aquela senhora de ar distinto, de trajes simples mas bem cuidados, seguida de uma jovem que também se veste modestamente? Entra numa casa de aspecto miserável, onde sem dúvida é conhecida, pois à porta é saudada com respeito. Para onde vai? Sobe até a água furtada: lá vive uma mãe de família, rodeada pelos filhos pequenos. À sua chegada, a alegria brilha naqueles rostos emagrecidos. É que ela vem acalmar todas as suas dores. Traz o necessário, acompanhado de suaves e consoladoras palavras, que fazem aceitar a ajuda sem constrangimentos, pois esses infortunados não são profissionais de mendicância. O pai se encontra no hospital, e durante esse tempo à mãe não pode suprir as necessidades.

            Graças a ela, essas pobres crianças não sofrerão nem frio nem fome; irão à escola suficientemente agasalhados e no seio da mãe não faltará o leite para os menorezinhos. Se uma entre elas adoece, não lhe repugnará prestar-lhe os cuidados materiais. Dali seguirá para o hospital, levar ao pai algum consolo e tranquilizá-lo quanto à sorte da família. Na esquina, uma carruagem a espera, verdadeiro depósito de tudo o que vai levar aos protegidos, que visita sucessivamente. Não lhes pergunta pela crença nem pelas opiniões, porque, para ela, todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Finda a visita, ela diz a si mesma: Comecei bem o meu dia. Qual é o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, tem um nome que não revela a ninguém, mas é o anjo da consolação. E, à noite, um concerto de bênçãos se eleva por ela ao Criador: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.

            Por que se veste tão simplesmente? Para não ferir a miséria com o seu luxo. Por que se faz acompanhar da filha adolescente? Para lhe ensinar como se deve praticar a beneficência. A filha também quer fazer a caridade, mas a mãe lhe diz: “Que podes dar, minha filha, se nada tens de teu? Se te entrego alguma coisa para dares aos outros, que mérito terás? Serei eu, na verdade, quem farei a caridade, e tu quem terás o mérito? Isso não é justo. Quando formos visitar os doentes, ajuda-me a cuidar deles, pois dar-lhes cuidados é dar alguma coisa. Isso não te parece suficiente? Nada mais simples: aprende a fazer costuras úteis, e assim confeccionarás roupinhas para essas crianças, podendo dar-lhes alguma coisa de ti mesma”. É assim que esta mãe verdadeiramente cristã vai formando sua filha das virtudes ensinadas pelo Cristo. É espírita? Que importa?

            Para o meio em que vive, é a mulher do mundo, pois sua posição o exige; mas ignoram o que ela faz, mesmo porque não lhe interessa outra aprovação que a de Deus e da sua própria consciência. Um dia, porém, uma circunstância imprevista leva à sua casa uma de suas protegidas, para lhe oferecer trabalhos manuais. “Psiu! — diz-lhe ela. Não contes a ninguém!” Assim falava Jesus.

(KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo)


           

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigo

Pq hj é dia do amigooooo... eu quero dizer a todos os meus amigos de hj, de ontem, de sempre, de as vezes, de todo dia, de quase nunca, de 1 vez no ano, de perto, de longe, de qualquer forma que seja e em qualquer idioma....

Inglês: Friend
Holandês: vriend
Francês: Ami
Alemão: Freund
Grego: φίλος
Italiano: amico
Russo: друг
Espanhol: Amigo
Português: AMIGO

Amigossss...

Vinicius diz: Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos... Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... 
Paulinha diz: Eu sintooo saudades de tudo isso já, sinto no sábado saudade das conversas da sexta. E eu quero sentir muita saudadeeeeee... pq quer dizer q coisas boas aconteceram....
Vinicius diz: Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre... Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Paulinha diz: Acho sim que dura para sempre, as minhas vão durar... viu gente??? Vão durar no meu coração, mesmo que cada um vá para um lado, mesmo q eu vá p China...
Vinicius diz: Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... 
Paulinha diz: :( .Que horrorrrr, me arrependi desse texto.
Vinicius diz: Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
Paulinha diz:: Que horror de novo! Eu vou dizer que SÃO meus amigos (acho que todos os amigos de Vinicius morreram).
Vinicius diz: A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Paulinha diz:: :(
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Paulinha diz:: pior que é verdade, mas ainda sim somos amigos!
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Paulinha diz:: :) Isso significa: Amigos para sempre é oq nós iremos ser...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
Paulinha diz: Essa é a parte que eu assino em baixo!!!

Roberto Carlos cantou pra alguém mas eu cantaria para vcs:  "Com palavras/Não sei dizer
Como é grande/O meu amor/Por vocês... ;)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Anjos na forma de amigos


Faz um tempo que penso em escrever em homenagem aos meus amigos.
Amigos que são a extensão da minha família, um porto seguro.
São parte de mim e do que sou.

Sei que as palavras nunca alcançarão o que representam de fato na minha vida, mas quero dedicar um texto que recebi de uma amiga muito especial há um tempo, e que guardo com muito carinho e amor:


“Pela amizade que você me devota,
por meus defeitos que você nem nota...

Por meus valores que você aumenta,
por minha fé que você alimenta...

Por esta paz que nós nos transmitimos,
por este pão de amor que repartimos...

Pelo silêncio que diz quase tudo,
por este olhar que me reprova mudo...

Pela pureza dos seus sentimentos,
pela presença em todos os momentos...

Por ser presente, mesmo quando ausente,
por ser feliz quando me vê contente...

Por este olhar que me diz:
"Amigo, vá em frente!"

Por ficar triste, quando estou tristonho,
por rir comigo quando estou risonho...

Por repreender-me quando estou errado,
por meu segredo sempre bem guardado...

Por seu segredo, que só eu conheço
e por achar que só eu mereço...

Por me apontar pra Deus a todo o instante,
por esse amor fraterno tão constante...

Por tudo isso e muito mais eu digo:
Deus te abençoe, meu querido amigo!"

Brigada a cada um de vocês por trazerem à minha vida, através do carinho e do amor, um pouco ou um muito de Deus.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Natal do Meio do Ano

Hoje, dia 25 de junho de 2010, comemoramos os 2 anos de nossa Marianinha, e como não poderia ser diferente, o tema desta postagem faz referência a ela:


Assim como o "antes" e o "depois" pedem um referencial, algo que os complete, que lhes confira um sentido inequívoco, que lhes exponha a essência, que lhes indique a direção...

Hoje percebemos que "Noh" e "Beta" pediam algo que os completasse, que lhes conferisse um sentido inequívoco, que lhes expusesse a essência, que lhes indicasse a direção...


...pediam. ;)

Através das Lentes da Madrinha (clique na imagem)

Prosseguimos rumo a infinitos outros desafios...


terça-feira, 22 de junho de 2010

Irena, um exemplo

Solidariedade parecer ser a palavra do momento aqui em Recife, em função das cheias em Pernambuco e Alagoas. Ontem, coincidentemente, recebi um e-mail falando de Irena Sendler, talvez um dos maiores exemplos de solidariedade que já existiu. Copio abaixo o texto do Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Irena_Sendler) sobre ela.

A Mãe das crianças do Holocausto

“ A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade. - Irena Sendler ”


Quando a Alemanha Nazista invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de bem estar social de Varsóvia, que organizava os espaços de refeição comunitários da cidade. Ali trabalhou incansavelmente para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas, tanto judias como católicas. Graças a ela, esses locais não só proporcionavam comida para órfãos, anciãos e pobres como lhes entregavam roupas, medicamentos e dinheiro.

Em 1942, os nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus, Zegota. Ela mesma contou:

"Consegui, para mim e minha companheira Irena Schultz, identificações do gabinete sanitário, entre cujas tarefas estava a luta contra as doenças contagiosas. Mais tarde tive êxito ao conseguir passes para outras colaboradoras. Como os alemães invasores tinham medo de que ocorresse uma epidemia de tifo, permitiam que os polacos controlassem o recinto."


Quando Irena caminhava pelas ruas do gueto, levava uma braçadeira com a estrela de David, como sinal de solidariedade e para não chamar a atenção sobre si própria. Pôs-se rapidamente em contacto com famílias, a quem propôs levar os seus filhos para fora do gueto, mas não lhes podia dar garantias de êxito. Eram momentos extremamente difíceis, quando devia convencer os pais a que lhe entregassem os seus filhos e eles lhe perguntavam:
"Podes prometer-me que o meu filho viverá?". Disse Irena, "Que podia prometer, quando nem sequer sabia se conseguiriam sair do gueto?" A única certeza era a de que as crianças morreriam se permanecessem lá. Muitas mães e avós eram reticentes na entrega das crianças, algo absolutamente compreensível, mas que viria a se tornar fatal para elas. Algumas vezes, quando Irena ou as suas companheiras voltavam a visitar as famílias para tentar fazê-las mudar de opinião, verificavam que todos tinham sido levados para os campos da morte.


Ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto no Verão de 1942, conseguiu resgatar mais de 2.500 crianças por várias vias: começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo, mas logo se valia de todo o tipo de subterfúgios que servissem para os esconder: sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacas de batatas, caixões... nas suas mãos qualquer elemento transformava-se numa via de fuga.

Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos de paz e por isso não fica satisfeita só por manter com vida as crianças. Queria que um dia pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, a sua identidade, as suas histórias pessoais e as suas famílias. Concebeu então um arquivo no qual registava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades.

Os nazis souberam dessas actividades e em 20 de Outubro de 1943; Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa de Jesus Misericordioso com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.

Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Foi condenada à morte. Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, gritou-lhe em polaco "Corra!". No dia seguinte Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados. Os membros da Żegota tinham conseguido deter a execução de Irena subornando os alemães, e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.

Em 1944, durante o Levantamento de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os e entregou as notas ao doutor Adolfo Berman, o primeiro presidente do comité de salvação dos judeus sobreviventes. Lamentavelmente, a maior parte das famílias das crianças tinha sido morta nos campos de extermínio nazis.

De início, as crianças que não tinham família adoptiva foram cuidadas em diferentes orfanatos e, pouco a pouco, foram enviadas para a Palestina.
As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código "Jolanta". Mas anos depois, quando a sua fotografia saiu num jornal depois de ser premiada pelas suas acções humanitárias durante a guerra, um homem chamou-a por telefone e disse-lhe: "Lembro-me da sua cara. Foi você quem me tirou do gueto." E assim começou a receber muitas chamadas e reconhecimentos públicos.

Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel.
Em Novembro de 2003 o presidente da República Aleksander Kwaśniewski, concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polónia: a Ordem da Águia Branca. Irena foi acompanhada pelos seus familiares e por Elżbieta Ficowska, uma das crianças que salvou, que recordava como "a menina da colher de prata".

Proposta para o Nobel da Paz

Irena Sendler foi apresentada como candidata para o prémio Nobel da Paz pelo Governo da Polónia. Esta iniciativa pertenceu ao presidente Lech Kaczyński e contou com o apoio oficial do Estado de Israel através do primeiro-ministro Ehud Olmert, e da Organização de Sobreviventes do Holocausto residentes em Israel.

As autoridades de Oświęcim (Auschwitz) expressaram o seu apoio a esta candidatura, já que consideraram que Irena Sendler era uma dos últimos heróis vivos da sua geração, e que tinha demonstrado uma força, uma convicção e um valor extraordinários frente a um mal de uma natureza extraordinária.

O prémio, no entanto, foi dado a Al Gore.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Copa do Mundo, Zebra e o Recife

Bom, antes que alguém ache que eu estou endoidando, eu não podia deixar de falar da Copa do Mundo, principalmente após a patética estreia do Brasil e a ridícula estreia da Espanha.

Por outro lado, eu havia me comprometido a falar de alguns problemas de Recife, então, vamos ver se eu consigo fazer esse samba do crioulo doido ter algum sentido. :)

O jogo de ontem, do Brasil, foi abaixo de qualquer crítica. Confesso que dei umas pescadas no primeiro tempo e minha esposa dormiu bem uns 15 minutos do jogo. Eita joguinho chato. Mas terminamos achando um gol quase impossível com Maicon e ainda fizemos um belo gol com Elano. O que não estava no script foi o gol norte-coreano. Mas foi bom. Aliás, estou numa dúvida danada se quero que, mesmo aos trancos e barrancos, nossa seleção (não merece ser escrita com um S maiúsculo) seja campeã em 2010. Se não mudarmos a forma de jogar, é preferível que não, para não sofremos a praga de um futebol pragmático por vários anos futuros. E logo agora que a sempre pragmática Alemanha resolveu jogar um futebol mais vistoso. Não, quero que uma Seleção que pratique o futebol arte ganhe esta Copa. A dificuldade é descobrir qual Seleção faz isso.

Pensava-se que a Espanha seria esta Seleção-arte de 2010, mas o início dela conseguiu ser bem pior que o do Brasil. Nem jogou bem, e ainda perdeu para a quase inexpressiva Suíça. A primeira zebra desta Copa, que já foi marcada por dois frangos homéricos.

Falando em zebra, em inglês a faixa de pedestre é chamada de zebra crossing - por razões meio óbvias, já que ela se assemelha a listras de uma zebra. As primeiras zebras crossing foram pintadas na Inglaterra em 1949 e lá estão até hoje. Numa zebra crossing inglessa, a prioridade do pedestre é absoluta. Não tem essa de haver uma zebra crossing com sinal de pedestre. Zebra crossing significa que o carro tem que parar e o pedestre pode passar. Logo, dificilmente se encontra uma zebra crossing numa área de muito movimento de carros e pedestres. No centro das grandes cidades inglesas, o que existem são locais para o pedestre atravessar, controlados por sinais - sem a presença do que a gente conhece como faixa de pedestre. Desta forma, é fácil colocar na cabeça de todo mundo que o pedestre tem a prioridade na faixa. A regra não comporta exceções.

Ah, no Chile também é assim. Mas aqui no Brasil, não. Pinta-se o chão como uma zebra em todos os locais (mesmo os mais inapropriados) que alguma autoridade(?) do trânsito acredita que um pedestre pode querer passar. Geralmente com sinal para os carros e para os pedestres. Ora, se tem sinal, para que a faixa? E o pior é quando o sinal não é de 3 tempos, como no cruzamento da Agamenon Magalhães com a Praça do Derby, ou no cruzamento da Mário Melo com a Cruz Cabugá (tá, lá o sinal é de três tempos, mas nenhum dos tempos é exclusivo para os pedestres). Resultado, sempre tem carro passando, e o pior, teoricamente, com o sinal mandando que ele passe. O que fazer nesta situação? Essa pergunta vale tanto para o carro, como, principalmente, para o pedestre.

Talvez pior ainda seja a faixa de pedestre que tem na Rua da Aurora, em frente ao TCE. Ela tem sinal para carro, mas não tem para pedestre!!!! Como a faixa de pedestre é relativizada pelos sinais, aqui no Brasil, o motorista sabe que se o sinal está verde para ele, ele pode passar, sem medo. Logo, ele não vai parar nesta faixa, a menos que o sinal esteja vermelho. Mas não tem nenhum sinal para o pedestre, que precisa fazer um certo contorcionismo para ver o sinal do carro. E lembrar que ele deve atravessar quando o sinal está vermelho, o que, em si, é um contra senso. Mas, enfim, coisas de nossa província.